Dedicação, bons projetos, pesquisa e muita qualidade do produto final. São esses os fatores que, na visão do governador em exercício Darci Piana, fizeram com que o Paraná ganhasse mercado e se transformasse em uma das principais referências do mundo na produção de seda.
Piana conheceu nesta quarta-feira (21), em Londrina, na região Norte, as instalações da Fiação Bratac, um dos principais elos da cadeia no Estado, responsável pela produção do bicho-da-seda e do fio e também pela comercialização do produto final. A empresa emprega mais de mil pessoas diretamente.
Nesta quinta-feira (22), ele participa da abertura do 1º Congresso Internacional da Associação Brasileira da Seda (Abraseda), também em Londrina. Paralelamente ao evento, ocorrerão o 37º Encontro Estadual de Sericicultura do Paraná e a 4º Jornada Técnica de Sericicultura do Oeste Paulista, todos em formato híbrido (presencial e online).
“É uma cadeia importante e significativa do Paraná, que gera emprego e renda para milhares de paranaenses. Um setor em que somos referência e que ainda podemos avançar muito, tanto em qualidade quanto em distribuição”, avaliou o governador em exercício.
“O Estado apoia e incentiva a produção da seda com projetos e programas como o desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina”, acrescentou.
Ele faz referência ao projeto Seda Brasil o Fio que Transforma, composto por professores de várias áreas da UEL e que busca fomentar uma rede econômica e produtiva, com o intuito de incentivar novos empreendedores para o desenvolvimento da cadeia da seda de forma sustentável.
O programa é financiado com recursos do Governo do Estado. Em maio foram anunciados R$ 339 mil para a fase 2. O investimento apoiará bolsas de estudo e custeio (equipamentos, viagens e sequenciamento genético). “A ideia é fazer do Paraná referência ainda maior em nível estadual, nacional e mundial”, disse Piana.
O projeto, explicou a professora da UEL, Cristianne Cordeiro Nascimento, existe desde 2016, reúne pesquisadores de diversas áreas (Design, Biologia, Química e Zootecnia) e tem trabalhado com algumas vertentes. Entre elas, destacou, melhorar a qualidade da seda e ampliar a quantidade de produtores, a partir do entendimento genético do bicho-da-seda e do produto final; a possibilidade de produzir entressafra, no inverno; o uso medicinal para tratar feridas crônicas e queimaduras; e a ampliação das áreas livres de defensivos agrícolas. A primeira fase da ação contou com investimento de R$ 300 mil.
A intenção, afirmou a professora, é mostrar que a seda do Paraná é um importante ativo, a melhor do mundo. Um incentivo para que as pessoas voltem a produzir casulos. E, com pesquisas, melhorar a qualidade do fio, ampliar o comércio exterior e gerar renda para o pequeno agricultor, diminuindo o êxodo”, destacou ela, que é coordenadora-geral do projeto e também diretora de Inovação da Abraseda.
LIDERANÇA – De acordo com dados da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento, o Paraná conta com mais de 1,8 mil produtores de casulo de seda em 176 municípios, que ocupam 4.700 hectares de plantação de amoreiras (que são alimentos para os bichos). São 2,2 mil toneladas produzidas anualmente, o que representa 83% de toda a seda do País. 96% do material é para exportação, especialmente para a Europa.
“A seda do Paraná caiu no gosto das mais importantes grifes de moda do mundo, justamente pela qualidade. Temos problemas gostosos para resolver e ajudar a desenvolver o setor, projetando um crescimento de 20%, 30% ou até 40% nos próximos anos”, comentou o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.
O Norte e Noroeste são as regiões que mais se destacam. Nova Esperança é a maior produtora, seguida por Astorga, Diamante do Sul, Cândido de Abreu e Jardim Alegre. “Aproximadamente 2,4 mil famílias vivem em torno da cadeia da seda no Estado”, afirmou a engenheira agrônoma da Secretaria da Agricultura, Gianna Cirio.
“Tem oportunidade de crescimento porque o fio é de alta qualidade, com um preço diferenciado. Sem contar que o Brasil é o único País do Ocidente que produz a seda, com a aceitação de um mercado bastante interessante como a Europa”, ressaltou.
BRATAC – A Bratac é uma empresa 100% brasileira com mais de 80 anos de atuação no segmento de fiação de seda natural. Emprega atualmente mil pessoas diretamente. Participa de todas as etapas da criação do bicho-da-seda (Bombyx mori) e depois, dentro de seu complexo industrial, cuidando de todos os detalhes que garantem a melhor qualidade do fio.
Os sericicultores, em parceria com a Bratac, produzem os casulos do bicho da seda apoiados em uma estrutura técnica que lhes garante rentabilidade na produção. Além da assistência técnica, a empresa disponibiliza os insumos para boa prática da criação, assim como mudas de amoreiras, cujas folhas são utilizadas na alimentação das larvas.
Os produtores contam, ainda, com o acompanhamento durante todo o processo de produção dos casulos, que são entregues a um dos depósitos ou entrepostos de recebimentos instalados pela empresa próximos aos barracões de criação do bicho-da- seda.
A empresa é atualmente a única nacional produtora de fios de seda. “Estamos falando de uma única indústria têxtil no País, já fomos mais de 15. Temos uma grande oportunidade pela frente, pensar mesmo em crescimento imediato de 30% a 40%”, disse Renata Amano, presidente da Abraseda e diretora do conselho de administração da Bratac.
“Temos um produto principal que é muito valorizado no Exterior entre as grifes de moda de alto luxo. Mas o resíduo da seda também pode ser usado em outros ramos da indústria, como química, biomateriais e cosméticos”, completou.
PRESENÇAS – Participaram da visita o diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Natalino de Souza; o diretor-presidente da Adapar, Otamir Martins; o presidente da Ceasa-PR, Eder Bublitz; o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Londrina (Sincoval), Ovanes Gava; o conselheiro do Senac-PR, Sérgio Bonocielli; o diretor da Federação do Comércio, José Alberto Pereira; a presidente da Câmara da Mulher Empreendedora de Londrina, Mônica Pires Batista; e a presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Márcia Monfrin.
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