A Santa Casa é referência para oito regionais de saúde do Paraná e tende pacientes de alta complexidade em especialidades como cirurgia cardíaca, ortopédica e neurológica. Os usuários são de 290 municípios do estado e de outras 120 cidades do Brasil. A situação, que nunca foi confortável, teria se agravado com a pandemia. Em 2021, a instituição acumulou um déficit de R$ 30 milhões, uma média de R$ 2,5 milhões por mês. Outro problema é a tabela de serviços do SUS que desde 2005 não tem reajustes. o valor pago por uma consulta, por exemplo, é R$ 10,00.
Para manter o atendimento, a instituição tem feito empréstimos bancários e aguardado uma posição do poder público. O dinheiro que poderia ser utilizado em investimentos para incrementar os serviços prestados pelo hospital, acaba sendo utilizado para pagar juros e dívidas.
“Nossa situação está difícil e foi agravada principalmente pela Covid-19. Houve uma queda de receita e um aumento exagerado de despesas sem o aporte de recursos. Isso porque atendemos muitos pacientes do Sistema Único de Saúde e há 15 anos não há reajuste de valores de serviços”, afirma Fahd Haddad, superintendente do Hospital.
O Hospital Evangélico de Londrina também tem passado por dificuldades. A instituição recebe pacientes de municípios de toda a região norte do Paraná. Por mês, são realizados mais de 700 internações e outros 800 atendimentos no pronto-socorro, totalizando mais de 1.500 atendimentos pelo SUS. Esse número é quase o dobro que o contratualizado. O déficit acumulado já ultrapassa os R$ 20 milhões. Os recursos de atendimentos particulares que seriam para investimentos, acabam sendo usados para cobrir esse rombo.
A situação desses dois hospitais reflete o endividamento acumulado pela rede, formada por 1824 instituições, que atende pelo SUS em todo o País. O endividamento passa dos R$ 20 bilhões. O cenário pode se agravar: durante os últimos dois anos, a situação se agravou ainda mais com a pandemia, que elevou o preço de medicamentos e insumos. Uma nova lei federal que reajusta o piso salarial dos enfermeiros deve ser aprovada em breve, o que deve impactar a folha de pagamento dos hospitais brasileiros em R$ 6 bilhões.
Durante todo mês de abril, gestores, profissionais de saúde e outros funcionários de hospitais filantrópicos, engajados na campanha, têm cobrado do governo a ampliação de alocação de recursos para R$ 17,2 bilhões por ano, em caráter de urgência. Caso isso não ocorra, muitas instituições podem fechar as portas. Embora apoiem a campanha, as instituições de Londrina não aderiram à paralisação que ocorreu em vários hospitais do Brasil nesta terça-feira, e mantiveram abertas as portas dos pronto-socorros.