Contornando a ansiedade e o nervosismo

Em período de vestibular e de Enem, sentimentos de pressão são comuns e precisam ser superados

Os próximos dias serão decisivos para milhares de estudantes. No domingo (28) acontece a primeira fase do vestibular da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Em seguida, em dois fins de semana, será realizado o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Já no começo de dezembro está programada a segunda fase do vestibular da universidade londrinense. Em meio a isso, muitos ainda irão prestar provas em outras instituições. Acompanhado do desejo de ser aprovado estão a ansiedade, o nervosismo e a pressão.

Gustavo Carneiro - Os próximos dias serão decisivos para milhares de estudantes que irão disputar vagas em instituições de ensino superior
Gustavo Carneiro

Os próximos dias serão decisivos para milhares de estudantes que irão disputar vagas em instituições de ensino superior

“A ansiedade em si não é um problema, tanto que é uma característica do ser humano estar buscando algo a frente. Ela passa a ser um problema grave quando tem excesso de pressão e de cobrança, que chamamos de estresse. Nos últimos tempos tem aumentando tanto o volume de informação que as coisas começaram a se perder (nesta cobrança), e a ansiedade que fazia movimentar, agora faz apavorar e travar diante do objetivo. No vestibular temos uma situação nacional, pois as pessoas veem nele a grande meta de vida”, destaca o psicólogo Guilherme Davoli.

Segundo o especialista, o primeiro passo é o estudante encarar a prova que irá fazer como algo natural e que não se resume na única chance da vida, pois novas oportunidades podem vir. “Existe até um ‘terrorismo’ entre os colegas em que só se fala de preocupação, prova, prazos e matéria. Qualquer roda de conversa que chega é gerado mais ansiedade no outro e esse processo vai sendo retroalimentado. A pessoa vai entrando em estado de sofrimento diante de um momento, que é importante, mas é uma possibilidade de vida”, aponta Davoli, que também é consultor educacional e esteve recentemente no colégio Maxi, onde deu palestra sobre o tema para estudantes e pais.

Outro fator é aceitar que, assim como a ansiedade, o nervosismo faz parte do processo. O estudante deve se lembrar que se preparou para este momento. “Deve-se buscar um ponto de fuga. Seja na religiosidade, meditação, cinema, esporte ou sair com os amigos, sobretudo na véspera. É pior estudar um dia antes da prova. Não vale a pena ficar revendo matéria, pois isto deixará mais nervoso. É preciso descansar. Assim como teve o momento de plantar, agora é a hora de colher”, compara Márcia Chiréia, coordenadora do curso pré-vestibular Prime. Outras dicas são deitar mais cedo na véspera e alimentar-se bem, evitando comidas gordurosas.

A professora de letras também destaca que o vestibulando tem que conferir o material necessário, como caneta, sempre levando a mais, e documentos. “Rever o local da prova para não ir ao lugar errado, o horário. Tudo isso pode ajudar a aumentar a ansiedade. É recomendado a pessoa ver o edital antes e, principalmente para o caso da UEL, responder as questões de uma prova anterior”, sugere. “Levar água e comidas para ‘beliscar’, pois a mastigação alivia a pressão. Não existe milagre”, classifica. Outra sugestão dos profissionais é buscar pausas no momento da prova para manter a produtividade alta.

Outro vilão no momento da prova é o tempo, o que pode ser fator extra de pressão, principalmente para os mais ansiosos. “O estudante precisa começar a prova pelo que sabe e se sente mais preparado. Conforme vai respondendo vai passando para o gabarito. Depois volta para a questão mais difícil. Não ignorar o enunciado e grifar os verbos de comando. Não é positivo revisar a prova, ainda mais se estiver sem tempo, pois muitos erram fazendo esta revisão”, cita Chiréia.

FAMÍLIA
Quem tem papel fundamental para o aluno é a família. Se por um lado ajudam, por outro os pais podem influenciar negativamente, até atrapalhando. “As famílias, sem querer, acabam cobrando de maneira desnecessária, comparando o filho com um irmão, amigo ou outro familiar. Alguns pais que não conseguiram realizar este sonho criam expectativa do filho realizar e a ideia dele vai ficando confusa. Acaba que o estudante não está mais escolhendo com calma o que quer”, adverte Davoli.

Para o psicólogo, os familiares devem entender que o filho já está estudando há muito tempo. A compreensão e o incentivo, sem cobrança, são as melhores maneiras de ajudar a contornar a ansiedade. “O vestibulando tem que organizar o que ele quer estudar e colocar no papel, realizando um cronograma. Estipulando tempo para estudar, e parar por uns dez minutos, sem ir para internet, mas descansar mesmo, pois a cabeça já está cheia de informação. A pessoa precisa relaxar. Isto terá consequência na hora da prova”, diz.

‘BRANCO’
Comum na “hora h”, o “branco”, de acordo com Chiréia, é um mito que carece ser superado. “Não dá branco 100% em ninguém. A pessoa pode se perder em uma questão ou outra, mas não em tudo. Se está muito ansioso, converse consigo mesmo, pense positivo que vai conseguir. Respira fundo, mentaliza uma figura qualquer para aliviar o estresse”, sugere. Se saiu confiante de que fez o correto, volte a estudar, com organização e calma, pois novos desafios virão pela frente.

Pedro Marconi
Reportagem Local


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