16 de agosto de 2021
Confira matéria no link: https://temlondrina.com.br/saude/cuidado-como-a-autocobranca-pode-afetar-a-saude-mental/
Entre o fim das Olimpíadas e o início das Paralimpíadas de Tóquio 2020, ficamos revivendo os aprendizados que os esportes são capazes de nos trazer. Para além dos cuidados com o corpo, uma grande lição foi dada pela ginasta norte-americana Simone Biles: é preciso se concentrar, também, na nossa saúde mental.
Como explica o psicólogo Diego Gonçalves, da clínica Bem Multiprofissional, o exemplo dado pela atleta serve não apenas para o contexto esportivos, mas também para as demais áreas da vida. O comportamento de Simone ao decidir parar demonstra autoconhecimento para lidar com um sentimento tão difícil que é a cobrança – tanto externa quanto pessoal. “Muitas vezes a pessoa tem a capacidade de desempenhar uma determinada tarefa, mas o incentivo para conquistá-lo – seja pela pressão social ou pelo valor de um prêmio – acaba tendo o efeito inverso. O excesso de motivação torna-se uma cobrança e você não consegue mais focar no que precisa”, comenta.
O profissional conta ainda que há casos em que o excesso de motivação – a autocobrança por um bom desempenho – pode se materializar em um problema ou dificuldade física. “A gente percebe esse comportamento em alguns casos de gagueira, de insônia ou disfunção erétil. Por exemplo, a pessoa tem um trabalho muito importante para ser apresentado no dia seguinte e precisa dormir bem para estar disposta para a tarefa. Porém, ela se sente tão pressionada por ter que dormir que acaba não conseguindo e passando a noite em claro”, exemplifica.
Diante de uma sociedade cada vez mais exigente, que apesar de falar mais sobre cuidados mentais ainda não consegue se desenvolver plenamente nesse aspecto, o autoconhecimento é o diferencial em todas as esferas. “É importante se autoconhecer e saber quais suas habilidade, quais os seus limites. Assim, você não se cobra por coisas que não pode dar conta, de maneira errada, e consegue, ainda, saber a hora de dar um passo para trás. Isso não é derrota, nem o caminho mais fácil. Na verdade, é o mais corajoso”, diz o psicológo.
Fique atento aos sinais que o seu corpo – ou o de alguém próximo – pode dar para mostrar que não está bem com as exigência feitas com ele. No trabalho, os desgastes emocionais podem aparecer com faltas frequentes, dificuldade de atenção, queda de produtividade, um sentimento de que os objetivos profissionais (individuais e coletivos) não são cumpridos.
Podem ocorrer problemas no sono, na alimentação, pensamentos repetitivos, sensação de incapacidade ou estímulo para fazer atividades conhecidas. Nesses casos, procure o auxílio de um psicólogo, que o acompanhamento terapéutico deve ser suficiente.
Exposta pelos atletas olímpicos, autocobrança pode trazer prejuízos muito maiores do que a perda de medalhas