30/08/2020 10h20 Atualizado há 3 anos
O processo de produção do fio da seda é minucioso e demorado. Pode levar até 3 anos para que o produto se transforme em tecido e, assim, chegue até as prateleiras para o consumidor.
Para isso, é preciso o trabalho de tecelãs, máquinas, produtores rurais e do responsável pela matéria-prima: do bicho-da-seda, uma larva da mariposa, responsável por tecer os fios.
O fio da seda produzido pelo Brasil é o mais branco do mundo e é reconhecido, internacionalmente, pela sua alta qualidade.
A reprodução dos bichos-de-seda é feita, hoje, dentro das próprias indústrias. Uma das atividades de uma fábrica de fiação em Londrina, no Paraná, por exemplo, é ajudar a promover o cruzamento das mariposas, para a produção dos ovos de onde nascerão os bichos-da-seda.
“Nós que detemos as raças genéticas e fazemos todas as melhorias necessárias. Fazemos a produção de ovos e cuidamos das larvas até a terceira idade”, diz a diretora da fábrica, Renata Amano.
Quando os bichos-da-seda atingem a terceira idade (cerca de 11 dias), a indústria os distribui para 2.500 famílias de produtores rurais no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Nessas propriedades, os agricultores são responsáveis por alimentar as larvas com folhas de amoreira, que estimulam o crescimento delas até se tornarem lagartas, atingindo, assim, o estágio onde estão aptas a tecer o casulo.
Um sinal de que estão prontas é quando elas começam a levantar a parte dianteira do corpo. Neste momento, os produtores abaixam uma estrutura conhecida como “bosque”, formada por pequenos quadrados. Cada lagarta ocupa um quadradinho e é, neste momento, onde começam a tecer, em volta do próprio corpo, os fios que serão enviados para as fábricas.
Para construir o casulo a lagarta faz movimentos no formato do número oito.
Produção na fábrica
Antes das lagartas se transformarem em mariposa, os produtores enviam os casulos para a indústria para serem aquecidos. O objetivo desse cozimento é matar os bichos para que eles não arrebentem o fio.
Depois do aquecimento, as tecelãs fazem uma seleção dos casulos perfeitos, ou seja, daqueles que não estão amassados ou escuros, por exemplo. Esses vão para as máquinas automáticas de fiação para produzir os fios de seda de maior qualidade.
Os casulos desclassificados, porém, vão para uma máquina semiautomática, que irá fabricar um fio de menor qualidade.
“Se a gente considerar desde quando começa a produção, cruzando as mariposas, até chegar nesse estágio vai, no mínimo, um ano e meio, só dentro da fábrica. Para conseguir fazer com que esse produto chegue em uma tecelagem para então ser purgado, tingido, (virar) de fato tecido e, então, ir para a confecção, vai mais um ano ou dois para chegar na prateleira para o consumidor final”, explica.
“Porque a seda é tão cara? Tem muita coisa envolvida, né? O investimento que a gente tem maior é em pessoas. Sem as pessoas, não existe seda”, diz Renata.
Uma boa parte dos clientes da fábrica de Londrina é da França. E Renata conta ainda que há uma procura muito grande dos italianos pelos fios de seda brasileiro, por serem o mais branco do mundo.
Desafios
Apesar da perfeição dos fios nacionais, o setor sofre com um problema de oferta. Faltam sericultores dispostos a investir na produção de casulos, segundo Renata.
“Nós estamos recusando pedido de fios de seda, porque não tem a matéria principal, que é o casulo. Então, temos trabalhado bastante para fomentar novos sericultores e temos projetos de criações próprias no município de Bastos (SP)”.
acesse o vídeo em : https://globoplay.globo.com/v/8817351/