Objetivo é melhorar o diagnóstico e encaminhamento dos pacientes e agilizar a notificação de casos à Sesa.
“A gente se preocupa tanto dentro de nossas casas, que esquecemos ali fora”, revelou a dona de casa Sônia Cordeiro Ramalho
O risco de epidemia de dengue em Londrina levou a Secretaria Municipal de Saúde a convocar diretores de hospitais da cidade para discutir procedimentos de atendimento de pacientes com suspeita de ter contraído a doença. Em reunião realizada na sede da AML (Associação Médica de Londrina), nesta terça-feira (5), os representantes do setor definiram que profissionais das instituições que atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde) receberão treinamento para melhorar o diagnóstico, o encaminhamento e a notificação dos casos à Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). Entre as ações estão a capacitação in loco, por parte da secretaria, dos profissionais das instituições quanto ao manejo clínico dos pacientes diagnosticados com a doença.
“Hoje a epidemia é um risco real”, admitiu o secretário. “Observamos que o número de notificações vem crescendo e a taxa de conversão positiva tem avançado. Hoje definimos estratégias para atender de forma adequada os pacientes caso não seja possível evitar uma epidemia”, explicou. A outra estratégia adotada é a notificação dos casos de dengue.
O diretor do Hospital da Zona Norte, Reilly Lopes, chamou a atenção para a importância da sensibilidade dos médicos para um diagnóstico pontual. “Os sintomas de dengue podem se confundir com o de outras doenças. É importante que se tenha um olhar diferenciado. Se desconfiar da doença, peça um teste para diagnosticar a dengue. Isso é essencial.”
Já o diretor técnico-clínico do Hospital Evangélico, Bruno Bressianini, argumentou que a capacitação dos profissionais foi um pedido dos próprios hospitais. “Cada epidemia vem de uma maneira diferente: ‘Como está vindo?’, ‘Qual o sintoma mais chama a atenção?”, indagou. Segundo ele, a estratégia no momento é diminuir a intensidade da doença. “Também pedimos que o treinamento se expandisse para hospitais próximos [de outras cidades], para evitar encaminhamentos desnecessários e que cheguem até nós apenas os casos mais complexos, porque teremos estrutura para atender”, completou.
Superintendente da Santa Casa de Londrina, Fahd Haddad, revelou o pedido de uma espécie de “placar” nos prontos-socorros. “Informando o número de notificações, casos confirmados e internações, podemos nos articular para fazer o melhor atendimento possível”, garantiu.
Felippe Machado ainda fez um apelo para que os pacientes com algum sintoma da doença se dirijam primeiramente às UBS (Unidades Básicas de Saúde) ou às UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). “Todas as unidades estão aptas a fazer o atendimento. Vamos acompanhar os casos e os hospitais vão ficar na retaguarda para atender os casos mais complexos que necessitem de internação.”
Começou na última segunda-feira (4) a vistoria de cerca de 25 mil imóveis na zona leste, área em que foi confirmado um caso do vírus da dengue tipo 2, o que gerou preocupação por parte da diretora de vigilância em Saúde, Sônia Fernandes. “Os sintomas são os mesmos se comparados com o tipo 1, mas o que temos observado é que quando o tipo 2 está envolvido em uma epidemia, temos infelizmente casos mais graves e até um aumento no número de óbitos”, afirmou.
No Conjunto Habitacional Giovani Lunardeli, a aposentada Nilda dos Santos conta que a equipe de endemias já visitou a sua casa. “Disseram que está tudo ‘ok’, mas a gente fica preocupada porque nós cuidamos, mas e os outros?”, questionou. Com um quintal repleto de vasos de plantas, a dona de casa Sônia Cordeiro Ramalho citou que o cano da rede de esgoto na frente da casa dela estava acumulando água. “A gente se preocupa tanto dentro de nossas casas, que esquecemos ali fora”, revelou Sônia, que mostrou que o local já foi limpo e está sendo monitorado.
O porteiro Roberto Cabral mora em frente a um fundo de vale no Conjunto Armindo Guazzi, palco perfeito para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, já que lá facilmente são encontrados entulhos, garrafas pet e outros materiais que acumulam água. “Os agentes já acharam foco do mosquito na casa ao lado, isso deixa a gente apreensivo.”
Em boletim divulgado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), nesta terça-feira (5), o número de casos confirmados de dengue no Paraná pulou de 180 para 224. O número de notificações passou de 7.281 para 7.736. Na 17ª Regional de Saúde, os casos confirmados se mantiveram estáveis, com 37, sendo 22 apenas em Londrina. O sinal de alerta na cidade já havia sido ligado no 1º LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti) do ano, divulgado no dia 22 de janeiro, quando a taxa de infestação do mosquito foi de 7,9% – classificado pelo Ministério da Saúde como risco de epidemia. A cidade de Uraí, que faz parte da 18ª Regional de Saúde, segue em estado de epidemia da doença, já que os casos confirmados saltaram de 36 para 52.
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