Todas as garrafas da Cachaça 51, produto líder de mercado, fabricada pela Companhia Müller de Bebidas, deverão ser recolhidas do mercado. Essa é a conseqüência da decisão da juíza Lélia Aparecida Toledo Azevedo, da vara única de Santa Rita do Passaquatro, no interior de São Paulo, que rejeitou recurso da Müller. A empresa tentava reverter a sentença que determinava o recolhimento das garrafas de Caninha 51 ou a multa diária de 100 salários mínimos, que hoje, segundo a concorrente Caninha Oncinha, já somariam cerca de R$ 48 milhões.
As também fabricantes de aguardente Caninha Oncinha e Missiato Indústria e Comércio defendem que a impressão em relevo na garrafa da 51 faz com que as demais fabricantes de cachaça sejam prejudicadas no mercado. Isso porque elas só podem usar o vasilhame liso.
A Oncinha e a Missiato reiniciaram a briga judicial em 2000, porque a Caninha 51 teria descumprido um acordo judicial, firmado em 1995, com o compromisso de não mais fabricar litros com a logomarca em relevo. A nova ação judicial das concorrentes ocorreu quando elas perceberam que começaram a reaparecer litros com relevo no mercado. Além disso, havia a suspeita que funcionários da Müller, segundo o advogado da Oncinha, Carlos Ferraz, haviam feito pedidos de registro de patente da garrafa de 51 no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
O advogado afirma que as pequenas fabricantes alegaram que a colocação da marca em relevo na garrafa inviabilizaria o processo de produção das outras empresas, já que seria praticamente impossível a separação manual dos litros com a logomarca em relevo e sem a logomarca em relevo (o processo é automatizado). Alegam ainda que tiveram problemas industriais, custos operacionais, manipulação do mercado e que a embalagem diferenciada prejudicaria com a concorrência.