Uma visita ao Hospital de Olhos de Londrina, instituição que representa um caminho de luz para milhares de pessoas.
Vó Maria tinha os olhos verdes, muito belos e expressivos, mas depois dos 80 anos já não estava enxergando com tanta clareza. Com o passar do tempo, acostumou-se às sombras e vultos. Até que um dia, por insistência da família, foi ao médico e resolveu fazer uma cirurgia de catarata.
Eu lembro como se fosse agora. Maria estava na varanda; pouco antes, havia retirado o curativo sobre o olho direito. De repente, ela pôs as mãos sobre o meu rosto e começou a chorar:
Meu neto, eu estou vendo você. Meu neto!
Na época em que Maria ainda contemplara meu rosto com total nitidez, eu devia ser um menino. Agora já era um homem, que ela via pela primeira vez.
Só isso já me faria eternamente grato ao Hospital de Olhos de Londrina. Mas na semana passada eu visitei o Hoftalon, juntamente com um grupo de lideranças londrinenses, e vi mais — muito mais.
Vi mais de 500 pessoas, de Londrina e outras inúmeras cidades, recebendo atendimento humanizado e de alta qualidade. Na imensa maioria, pessoas do povo.
Vi o hospital que realiza o maior número de atendimentos pelo SUS em nossa cidade.
Vi o centro cirúrgico por onde passam 14.500 pacientes por ano, todos atendidos com a mesma atenção e cuidado.
Vi o maior prestador de serviços de urgência e emergência em oftalmologia no interior do Paraná.
Vi uma das residências médicas mais conceituadas e disputadas do Brasil, que todos os anos forma oftalmologistas de alto nível.
Vi uma instituição de caráter filantrópico que é conhecida em todo o País e até no exterior, mas curiosamente pouco notada em sua própria cidade natal.
Vi a preocupação com a saúde dos olhos em todas as fases da vida: desde a infância — com o projeto Pequenos Olhares — até a idade da Vó Maria.
Vi o fundador do hospital, Dr. Nobuaqui Hasegawa, falar sobre a missão que o move nestes 25 anos: “Como hospital filantrópico, nossa missão é transformar a vida das pessoas através de novos olhares. Queremos fazer o bem a todos, sem distinção — e não vamos desistir do nosso sonho”.
Em uma das belas passagens das Confissões, Santo Agostinho celebra a luz física como “rainha das cores”, e cita as maravilhas que podem ser contempladas pelos olhos carnais e abrem caminho para a Luz de todas as luzes. Acredito que o Hoftalon segue esse caminho.
Meu querido Dom Albano Cavallin gostava de dizer que a razão e a fé são como as duas asas de uma ave que conduz a vida humana. No Hoftalon, quem tem olhos para ver descobre que a ciência e o amor ao próximo podem e devem caminhar lado a lado.
Ao contemplar a emocionante visão dos pacientes no Hoftalon, eu descobri em cada uma daquelas pessoas a figura da Vó Maria, chorando lágrimas de alegria. E pensei comigo que Londrina deveria olhar mais para o seu Hospital de Olhos.