Rapidez é fundamental para evitar sequelas do AVC

Mudanças bruscas de temperatura predispõem à ocorrência dessa doença que pode levar à morte

Reconhecer o mais rápido possível os primeiros sintomas do AVC é fundamental para garantir o melhor tratamento ao paciente e, assim, minimizar os riscos de sequelas. As variações bruscas de temperatura comuns nessa época do ano predispõem à ocorrência dos AVCs. Estar atento aos sinais do problema e buscar ajuda médica rapidamente são as principais orientações para garantir o tratamento em tempo hábil.

Membros da equipe de atendimento do Hospital Evangélico de Londrina, os médicos neurologistas Leonardo Valente, Raul Campos de Oliveira e Luiz Aliberti alertam que a administração do medicamento capaz de dissolver o coágulo que entope a artéria, no caso de AVC isquêmico, precisa ser administrado até quatro horas e meia após os primeiros sintomas. “Por isso, dizemos que o atendimento depende de um time que inclui amigos, familiares e colegas de trabalho com informações para reconhecer os sintomas”, alertam.

Quando o paciente chega no hospital com suspeita de AVC, toda a equipe também é orientada para encaminhar o mais rápido possível para a tomografia que vai confirmar o diagnóstico. Se tudo ocorrer no prazo previsto, o medicamento é ofertado e a vítima tem mais chances de retomar as condições de vida anteriores.

Até 24 horas depois, ainda é possível realizar uma intervenção cirúrgica similar ao cateterismo para amenizar as sequelas. “Ainda há muito o que fazer depois de um dia, mas aí o tratamento é mais conservador”, disseram, lembrando que, em todos os casos, o objetivo maior do atendimento é salvar áreas do cérebro em sofrimento e garantir a maior independência possível ao paciente. “O objetivo é que ele retome atividades anteriores, inclusive voltando ao trabalho, com qualidade de vida e dignidade.”

O enfermeiro Henrique Camargo, que gerencia o protocolo de atendimento no Hospital Evangélico, destaca que os cuidados para garantir o atendimento no menor tempo possível têm reduzido de 17 para cinco o dias o tempo de alta para pacientes com AVC. “Qualquer suspeita é tratada como prioridade”, afirma.

SAMU
A médica neurologista Elaine Keiko Fujisao, do Hospital do Coração, reforça que pacientes ou pessoas que o acompanham devem chamar imediatamente uma ambulância – e avisar que há suspeita de AVC – aos primeiros sinais do que convencionou-se chamar da sigla “SAMU”. O “S” é referente a sorrir, pois se a pessoa sorrir com boca torta, já é um indicativo do AVC. Outro sintoma é se não conseguir levantar um dos braços para um abraço, o que refere à letra “A”. Se cantar uma música (“M”) e a fala ficar enrolada, é hora de chamar um serviço de urgência, o que corresponde à letra “U” da sigla SAMU.

Segundo ela, apesar dos hospitais seguirem protocolo de atendimento que prevê urgência, muita gente ainda fica em casa esperando “melhorar” e perde o tempo da janela terapêutica. “Quando o paciente chega, a equipe já avisa o neurologista e encaminha para a tomografia, que é o exame fundamental para orientar o tratamento”, explica, lembrando que o exame é primordial, também, para descartar o AVC hemorrágico, para o qual não é indicado o medicamento que dissolve o coágulo.

A prevenção do AVC depende do controle dos chamados fatores de risco. Não fumar, não ingerir álcool, praticar atividades físicas, controlar a hipertensão, o colesterol e os índices glicêmicos, além de evitar estresse e depressão são comportamentos que previnem essa e muitas outras doenças relacionadas a causas genéticas, mas também a estilo de vida.

CONHECENDO OS SINTOMAS
Através de um convênio com a PUC-PR, o Evangélico busca desenvolver um projeto de iniciação científica Júnior que busca preparar estudantes do ensino fundamental e médico para reconhecimento dos sinais de AVC. “Não é incomum crianças acionarem o Samu porque estão sozinhas com um avô idoso”, relatam os médicos dos hospital, lembrando que o AVC pode ocorrer também em jovens e até crianças.

A instituição realizou uma campanha de aferição de pressão e divulgação das formas de reconhecer o AVC em Londrina. O servidor público Adriano Kiiller buscou atendimento para se informar melhor sobre a doença. “Fiz 40 anos este ano e sei que preciso me cuidar”, afirmou ele, que não tem hábito de ir ao médico, mas quer incluir essa rotina no estilo de vida.

A aposentada Irani de Souza Boni, 68, sofre de pressão alta, mas não descuida da saúde. Se alimenta com muitas frutas e verduras, faz caminhadas frequentes e não deixa de tomar os medicamentos indicados pelo médico. “Temos que cuidar da saúde para viver bem”, acredita.

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