Eventos em Londrina enfatizam a importância da amamentação exclusiva e o incentivo familiar neste processo
Para a professora Ana Carolina Rocha dos Santos, 24, além de 15 de novembro de 2017 (que marca o nascimento da filha Maria Clara), o dia 1 de fevereiro de 2018 também é uma data especial, pois foi quando a filha finalmente mamou em seu peito. Maria Clara nasceu com 26 semanas, pesando 788 gramas e ficou 87 dias internada no HU (Hospital Universitário) de Londrina. Sem ter forças para sugar no peito da mãe, ela era alimentada por sonda, mas com leite materno. Hoje, com oito meses de vida, ela segue mamando no peito da mãe.
A imagem é uma das que estampam as paredes do hall do HU, em comemoração à Semana Mundial de Aleitamento Materno e à campanha “Agosto Dourado”, instituída no Brasil através da Lei 13.435/2017, para conscientizar sobre os benefícios do aleitamento materno durante todo o mês. “O dourado é uma alusão ao fato de o leite ser considerado um ouro, um alimento rico”, comenta a docente de enfermagem obstétrica no HU, Cátia Bernardy, ao citar uma série de atividades programadas em todo o hospital. “A ideia é sensibilizar os profissionais de diversas áreas sobre o tema”, diz.
Em Londrina, a Semana Mundial de Aleitamento Materno foi lançada na quarta-feira (1º), na sede da Maternidade Municipal Lucilla Ballalai. Entre as ações divulgadas pela Secretaria Municipal de Saúde está o lançamento da Cartilha Serviço de Apoio ao Aleitamento, disponibilizada no site da Prefeitura pelo link https://goo.gl/vWnBDC. Outra atividade será promovida pelo HU no dia 24 de agosto. O 1º Encontro sobre Aleitamento Materno acontecerá das 14h às 18h, no anfiteatro da instituição (avenida Robert Koch, 60), com a presença de especialistas e o depoimento de famílias.
ENVOLVIMENTO PATERNO
Um dos esforços é para inserir o pai da criança, companheiro (a) e demais familiares no contexto da amamentação. De acordo com a docente de enfermagem neonatal do HU Adriana Zani, essa participação envolve desde o incentivo da mãe na ordenha do leite, na prática do método Canguru com o bebê ou mesmo no apoio moral.
“Desde 2013, o hospital segue um protocolo de cuidados voltado para a figura paterna e uma das vertentes é inseri-lo no processo do aleitamento”, cita. A enfermeira obstétrica Claudete Alves da Silva, que atua na maternidade do HU, destaca que “o envolvimento do pai é iniciado desde o trabalho de parto, ou seja, antes mesmo do nascimento da criança.”
Para a psicóloga na instituição, Ana Paula Marson, a chegada de um bebê mexe com a família em vários contextos e a mulher, nesse período de adaptação à condição materna, precisa de muito apoio e amor. “Tem que ter um acolhimento sincero e não cobranças porque isso sim dói muito nas mães”, ressalta.
O motorista Alex Ramos da Silva, 33, conversou com a reportagem na UCI (Unidade de Cuidados Intermediários) Neonatal do HU. Ele e a mulher Karyla Fernanda Barbosa, 28, se dividem nos cuidados com o segundo filho Gabriel, que nasceu prematuro e apresentou um problema no rim. “Estamos juntos, somos um casal e o Gabriel precisa tanto de mim quanto da mãe. E eu procuro incentivá-la ao máximo na amamentação porque eu sei que não é fácil, mas é o melhor alimento que ele pode ter nesse momento”, afirma.
BONS RESULTADOS
A chefe da Divisão Materno-Infantil do HU, Valéria Costa Evangelista da Silva, revela que mesmo diante da dificuldade do aleitamento materno exclusivo em bebês prematuros, o hospital tem alcançado bons resultados.
De acordo com ela, dos 1.228 partos registrados em 2017 no HU, 412 foram de prematuros menores de 37 semanas. Deste grupo, que representa 37% dos partos, mais da metade (53%) saíram de alta em aleitamento materno exclusivo e 20% com complemento no copinho com leite materno. “Isso mostra que todo o esforço tem tido efeitos importantes”, completa.
SERVIÇO: Mulheres com dificuldades ou dúvidas ao amamentar podem contar com a ajuda de enfermeiros da rede de saúde do município. O Serviço de Apoio ao Aleitamento Materno funciona 24 horas e atende pelo fone (43) 3372-9853